Conta uma história da tradição budista que um monge entrou em um
vilarejo montado em um boi, e os habitantes da vila lhe perguntaram onde
estava indo.
Ele então respondeu que estava em busca de um boi.
As pessoas se entreolharam, intrigadas, e então começaram a rir. O
monge se foi. No dia seguinte, de novo montando um boi, o monge voltou
ao vilarejo. E de novo as pessoas lhe perguntaram o que buscava.
“Procuro um boi”, foi novamente a resposta. Outra vez o monge se foi, em meio ao riso de todos.
No terceiro dia o fato se repetiu: “o que busca?” e o monge, montado
no boi, disse ser um boi o que buscava. Só que a piada já perdera a sua
graça e as pessoas protestaram, dizendo: “olhe aqui, você é um monge,
supostamente uma pessoa santa, sábia, e mesmo assim você vem aqui à
procura de um boi quando, o tempo todo, é sobre um boi que você está
sentado.” Ao que replicou o monge: “também assim é a sua procura de
Deus.”
E assim é conosco. Tantas e tantas vezes saímos em busca de algo que
estava conosco o tempo todo, sem que nos déssemos conta. Achamos que a
nossa realização está em outro trabalho, outra profissão, outra família,
outros amigos… e chegamos por vezes a partir em uma busca inútil
quando, se olhássemos com um pouco mais de atenção – talvez com um pouco
mais de boa vontade – para aquilo que já temos, descobriríamos que o ”
boi” que tanto procurávamos, estava nos carregando todo o tempo.
É preciso olhar para frente, sim, traçar metas, segui-las. Mas sem
perder a noção do potencial de realização e felicidade que esta bem
aqui, na nossa realidade presente.
Se você aprender a olhar para sua própria vida, pode descobrir que
sua esposa, ou seu marido, ainda conserva muito daquilo que fez você se
apaixonar há 10, 20, 50 anos.
Que sua profissão continua tendo muito em comum com suas ideias de vida – apesar de seu desgaste, de seu cansaço.
Que seu trabalho ainda guarda chances e as perspectivas que tanto
prometiam. Estão apenas um tanto encobertas pela poeira do tempo que
passou, enquanto você esteve ocupado demais para aproveitá-las.
A felicidade precisa ser perseguida. Mas muitas, muitas vezes, sofremos e choramos sentados sobre ela.
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