terça-feira, 10 de setembro de 2013

Rejeitando o Perdão

  Frederico II., da Prússia, além de extraordinário estadista, conseguiu também ser muito amado pelo seu povo, em virtude da sua singular popularidade. Certo dia, trajando-se como qualquer cidadão comum, encaminhou-se para uma prisão militar a fim de visitar os encarcerados, e fez absoluta questão de falar com cada detento em particular e a cada um dirigiu a mesma pergunta, demonstrando também o mesmo interesse em ouvir:

- Qual é o motivo que o trouxe para cá e qual é a sua sentença? - indagava.

Escutou pacientemente a resposta de cada um e acabou desanimado com o que ouviu. Quase toda a população carcerária apresentou, de uma ou de outra forma, a sua inocência - vítima de falsos amigos, engano das testemunhas, erro judiciário e assim por diante. Terminado o período de visitas, enquanto se retirava, ele viu, debruçado na grade, um homem triste e visivelmente arrasado. Para ser justo, dirigiu-lhe também a mesma pergunta, que vinha fazendo a todos os demais, ao que o homem respondeu:

- Desde bem criança fui rebelde e indisciplinado. Com isso fiz sofrer demais os meus velhos pais. Tornei-me homem, porém, nunca enfrentei o trabalho dignamente. Assim, para sobreviver eu comecei a roubar e, então, de erro em erro não me permiti amadurecer nem raciocinar e me firmar em um caminho seguro; até que, preso por furto e vadiagem, vim parar na prisão.

Consciente dos seus erros premeditados e cultivados, aquele homem assumiu a sua culpa, concluindo a conversa com esta confissão:

- Minha vida está arruinada por minha própria culpa e agora eu sofro com justiça a punição dos erros cometidos. Olhe, moço, eu bem quisera ter a oportunidade de poder começar minha vida de novo, e então, tudo haveria de ser diferente, porque a começaria pela dignidade e pelo respeito próprio. Mas, nem sei se tenho o direito de sonhar com isso...

Naquela mesma hora, Frederico II. ordenou a sua libertação, dizendo:

- Ainda poderemos esperar alguma mudança. Os outros têm que ficar!

Procurar justificar as falhas inocentando-se de qualquer culpa foi o que
Adão e Eva já fizeram, logo de início, lá no Éden.

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