segunda-feira, 16 de abril de 2012

Aquele que Brilha


Aquele que Brilha

Eu me debrucei numa das pontas da Lua Crescente
e vi na outra Aquele que Brilha.
Abaixo de nós estavam as montanhas e os vales
e uma porção de pessoas.
Perguntei para Aquele que Brilha:
- Quem são essas pessoas?
- São os filhos e as filhas de Deus.
Prestei atenção e vi que as pessoas brigavam
e espezinhavam-se umas às outras. Perguntei:
- São mesmo filhos de Deus?
E Aquele que Brilha respondeu:
- São.
Continuei observando e vi que as pessoas
pareciam procurar alguma coisa freneticamente,
empurrando-se e parecendo inumanas:
- O que elas procuram?
- Felicidade – disse Aquele que Brilha.- Alguém já encontrou?
- Algumas vezes eles pensam que encontraram.
Vi uma mulher carregando um bebê
e um homem passou brutalmente por ela,
fazendo com que ela caísse e o bebê rolasse no chão;
o homem parecia estar procurando a Felicidade.
Meus olhos ficaram enevoados e indaguei:
- Será que eles encontrarão a Felicidade algum dia?
- Encontrarão.
Tornei a olhar o que as pessoas faziam entre as montanhas
e os vales e correram lágrimas dos meus olhos, e perguntei?
- É da vontade de Deus
ou do Demônio que os homens procurem a Felicidade?
- É da vontade de Deus.
- Mas parece uma coisa do Demônio.
Aquele que Brilha sorriu inescrutavelmente. Gritei:
- Por que eles têm que procurar a Felicidade
e causar tanta desgraça uns aos outros?
- Eles estão aprendendo a Vida e o Amor.
Lá embaixo um homem maltratava cruelmente outro homem,
mas de repente um vento forte arrancou-lhe as roupas
e deixou-o nu entre desconhecidos
e foi a sua vez de ser espezinhado. Bati palmas:
- Ótimo! Ótimo! Ele recebeu o que merecia!
Aquele que Brilha tornou a sorrir:
- Eles sempre recebem o que merecem.
Recebem aquilo que lhes mostrará
o verdadeiro caminho para a Felicidade.
Fiquei observando as pessoas maltratando-se
e vendo que de vez enquanto vinha um vento forte
e jogavam-nas para algum lugar para continuarem a Procura.
- O vento forte sempre os atira nesses vales e montanhas?
- Nem sempre.
- Onde, estão?
- Olhe pra cima de você.
Acima de mim estava a Via Láctea e suas estrelas brilhantes.
Suspirei: Ah...
- E o vento não se engana?
- Não se engana.
- O vento sempre os coloca em algum lugar
para que eles recebam o que merecem?
- Sempre.
Então o meu coração que estava esmagado iluminou-se
e descobri que podia olhar as crueldades
e ter pena dos cruéis.
E quanto mais eu olhava mais crescia a minha compaixão. Falei:
- Eles agem como pessoas atormentadas
- Eles são atormentados – respondeu Aquele que Brilha.
- E o que os atormenta?
- O desejo.
Gritei, passionalmente:
- O desejo é uma coisa má.
E Aquele que Brilha respondeu duramente:
- O desejo não é uma coisa má.
Tremi e fechei meu coração,
até que tive forças de dizer:
- É o desejo que atormenta os homens
para eles aprenderem as lições que Deus mandou?
- É o desejo.
- As lições da vida e do Amor?
- Sim, as lições da vida e do Amor.
Então não vi mais as pessoas como cruéis,
vi apenas que elas estavam aprendendo.
E olhei-as com profundo amor e compaixão,
até que uma a uma o vento forte levou-as para longe.

AUTOR DESCONHECIDO

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