quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Bonequinha de pano

Laura desejava muito possuir uma boneca, mas os pais eram tão pobres que não podiam satisfazer o seu sonho. Conversando com o pai certa noite, ela lhe falou quase suplicante:
- Papai, como gostaria de ter uma boneca para brincar com ela!

O pai ficou triste por não poder atendê-la no seu desejo tão natural. A mãe, que ouvia tudo, resolveu fazer-lhe uma bonequinha de pano. Com uma meia fez o corpo da boneca; com tecido xadrez coseu uma saia rodada. Bordou os olhinhos e uma boca bem risonha com linhas coloridas; e com lã amarela fez o cabelo, que foi repartido em duas tranças, rematadas com lacinhos de fita. A bonequinha ficou uma graça!
O pai, entusiasmado, entregou-a à filhinha. Laura, porém ao vê-la
pôs-se a chorar e tomada de revolta foi dizendo:
- Não quero boneca de trapos... O que eu quero é uma boneca de verdade!

E assim falando, ela foi desmanchando, zangada, a pobre bonequinha, até reduzi-la a um monte de panos. Os pais, desapontados e aborrecidos, decidiram que a melhor correção haveria de vir por si mesma. A garota foi se deitar ainda soluçando, mas adormeceu logo. O sono foi agitado, porém, enquanto dormia, teve um sonho muito confuso e esquisito: Ela via a cesta de costura da mãe abrir-se e dela saírem linhas e a agulha falando:
- Que garota malcriada... Quanta ingratidão - disse a linha.
- É verdade - acrescentou a agulha. - Quase costurei aquela boca falante!
E as duas foram refazendo a bonequinha. De repente, ela criou vida e foi na direção de Laura, falando atenciosamente:
- Vamos passear no reino das bonecas de pano? Venha comigo, eu a levarei.

Chegando lá, viram as bonecas arrumando suas roupas em caixas.
- Por que elas estão arrumando suas malas? Vão viajar? -- indagou Laura.
- É que elas já conseguiram suas donas. Amanhã a fada costureira terá de costurar novas bonequinhas que, certamente, serão solicitadas...

Surpreendida, Laura viu que a fada era a sua própria mãe! Depois,
virando-se para a bonequinha cicerone, viu-a triste e perguntou:
- E você, não vai embora comigo?
- Não, você não me aceitou. Voltarei já para a caixa de retalhos...
- Não! Não! Eu a quero sim. Venha comigo, por favor. Quero ser sua dona!

Era tarde. A bonequinha já estava desfeita em retalhos. Desesperada, Laura começou a chorar e... acordou em lágrimas. Mas
que surpresa! Lá se encontrava a bonequinha, deitada ao seu lado. No dia seguinte, a mãe lhe contou que, enquanto ela dormia, pacientemente recosturou a bonequinha. Depois, passando carinhosamente sua mão nos cabelos da filha, disse:
- Não podemos desejar coisas além da nossa capacidade. Temos de nos acomodar àquilo que é simples, mas que também representa amor. Foi com carinho que seu pai e eu lhe preparamos a surpresa, o melhor que pudemos... :-)
AUTOR DESCONHECIDO

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