quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Espinhos



Antes de conheçe-lo,minha vida simplesmente não tinha sentido,não tinha um motivo por o qual eu acordava toda manhã,era tudo tão preto&branco ,tudo sem graça,sem emoção,sem vida.Posso comparar aquela época com um jardim,o jardim da minha vida,eu tinha o essêncial para viver uma vida patéticamente normal,tinha amigos,família,tudo como um monte de inúteis margaridas,margaridas comuns que dia após dia eu era obrigada á vê-lás,regalas,e com o tempo já não encontrava mais beleza nelas,e então,tudo o que eu queria era uma rosa,uma única rosa,algo que me desse vontade de viver,ou,ao menos suportar aquilo,que eu já não podia mais chamar de vida,e sim algo mais parecido com um 'replay virtual',mas tudo que eu encontrava era margaridas,margaridas e mais margaridas,todas iguais.eu só pedia uma rosa,só.
Eu tentei,tentei o máximo que pude,saí por ai semeando por todos os lados do meu jardim,distribuindo amor e sorrisos para tudo,me guardava dentro de mim,não deixava que sequer uma lágrima escoresse,afinal,em uma daquelas sementes poderia estar a minha rosa.Mas nada adiantava. Uma vez ou outra nascia uma margarida,no começo até tinha uma certa beleza,mas no fundo eu sabia que,não passavam de meras margaridas.
Tudo começou em um dia normal,era simplismente mais um,um á menos. Eu reparei que em um certo ponto do jardim,estava nascendo algo diferente,foi ali que minhas esperanças -sonhos,ilusões-começaram,eu regava aquele pequeno broto com todo amor,mas também observava que crescia em seu caule pequenos espinhos,e conforme o broto crescia,eles aumentavam,e então eu vi,era mesmo uma rosa! era por ela que eu esperei minha vida toda ! a coisa mais bela que eu já havia visto! era tão bela,a fragância mais maravilhosa que já havia sentido.Só Deus e meu coração sabem o quanto eu á amava,eu á regava,eu á adorava! era simplesmente tudo para mim,mas havia um problema,os espinhos,com a tal beleza,com o tamanho,aquela rosa possuía espinhos enormes,tão afiados quanto uma navalha eu nunca poderia toca-lá,possui-lá,sem me machucar.Os dias foram passando,e no lugar de esperanças havia dor,a dor de saber que ali,bem na minha frente eu tinha tudo o que eu sempre sonhei,bem ali na minha frente eu tinha a razão da minha vida, mas,nunca iria toca-lá.Eu tentava não olhar,não senti-la,mas vinha a brisa do vento vinha trazendo seu cheiro,aquilo era uma droga para mim,era aquilo que eu precisava,e eu sabia disso,e então mesmo não podendo te-lá eu continuei cuidando dela com todo amor.Só depois de tempos eu começei á reparar que as margaridas do meu jardim começavam á morrer,não era para menos,eu não via nada alêm daquela rosa ingrata.Com o tempo,todas as margaridas se foram,meu jardim havia se transformado terra,a terra mais vermelha e barrenta,onde nada mais poderia ser plantado,e em um canto,longe de tudo,lá estava ela,com toda sua beleza intocavel.
No inicio foi tão leve que nem notei,mas o tempo trouxe seu peso,eu começei á sentir falta das alegres margaridas amarelas,afinal,o que seria do meu único vermelho,se não ouvese aquele mar amarelo? ,Só então eu pude ver o que a rosa tinha,e as margaridas não...os espinhos.

Lara Victória.

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