quinta-feira, 30 de abril de 2009

O artesão ...


O artesão ...
Um ferreiro, depois de uma juventude cheia de excessos, decidiu
entregar sua alma a Deus.
Durante muitos anos trabalhou com afinco, praticou a caridade, mas
apesar de toda sua dedicação, nada parecia dar certo em sua vida.
Muito pelo contrário: seus problemas e dívidas
acumulavam-se cada vez mais.
Uma bela tarde, um amigo que o visitava e que estava compadecido
de sua difícil situação, comentou:
- É realmente estranho que, justamente depois de você se tornar um homem temente a Deus,
sua vida começou a piorar. Eu não desejo enfraquecer sua fé,
mas apesar de sua crença espiritual, nada tem melhorado em sua vida.
O ferreiro não respondeu imediatamente: ele havia pensado nisso
muitas vezes, sem entender o que acontecia em sua vida.
Entretanto, como não queria deixar o amigo sem resposta, começou
a falar e encontrou a explicação que procurava.

E disse ao amigo:

- Eu recebo nesta oficina o aço ainda não trabalhado e preciso transformá-lo em espadas.
Você sabe como isso é feito? Primeiro eu aqueço a chapa de aço num calor infernal
até que ela fique vermelha. Em seguida, sem qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e
aplico vários golpes até que ela adquira a forma desejada. Logo, ela é mergulhada
num balde de água fria, e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor, enquanto a peça
estala e grita por causa da súbita mudança de temperatura. Tenho que repetir esse processo até
conseguir a espada perfeita: sendo que uma vez apenas não é suficiente.O ferreiro fez uma
longa pausa, e logo depois continuou:
- Às vezes, o aço que chega até minhas mãos não consegue agüentar esse tratamento.
O calor, as marteladas e a água fria terminam por enchê-lo de rachaduras. Eu sei que jamais se
transformará numa boa lâmina de espada. Então, simplesmente coloco no monte de ferro velho
que você viu na entrada de minha ferraria.

Mais uma pausa e o ferreiro concluiu:

- Sei que Deus está me colocando no fogo das aflições. Tenho aceitado as marteladas da vida e
às vezes sinto-me tão frio e insensível como a água que faz sofrer o aço. Mas a única coisa
que peço é que Deus não desista, até que eu consiga tomar a forma que o Senhor espera de mim.
Que Ele
tente da maneira que achar melhor, mas que jamais me coloque no monte de ferro velho das almas.

AUTOR DESCONHECIDO

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