quarta-feira, 25 de março de 2009

Uma lição bem aprendida


Eu estava em pé, enquanto escutava as duras palavras de meu pai.
Ele tinha nos reunido em nosso quintal e tinha o olhar sério quando nos mostrou aquilo que um de nós fez de errado.
- Qual de você fez isto? Ele perguntou.
Todos nós olhamos para baixo, para o chão onde tinha uma arte de uma criança feita com letras em giz.

Eu estava, tremendo por dentro e torcendo para que ninguém percebesse. Será que ele sabe que fui eu? Eu queria saber. Mas, assustado, as únicas palavras que vieram à minha boca foram:
- Não fui eu, papai.
Os outros negaram também. Claro que nós sabíamos quem tinha feito. Mas eu, sendo o mais jovem e menor dos três, não tinha coragem para falar a verdade. Não que eu fosse uma criança ruim. Mentir não era normal para mim. Mas o olhar no rosto de meu pai fazia subir um frio por minha espinha e de alguma maneira eu não pude falar.

Ele tinha um jeito especial quando eu era criança que me deixava com medo dele. Mas eu o amei também por isto, porque me deu meus limites, meus limites do que eu podia e do que não podia fazer. Claro que eu queria agradá-lo. Talvez por isso é que eu segurei a verdade. Eu tinha medo de desagradar.
Sem dizer uma palavra, ele desapareceu durante alguns minutos e voltou com um pedaço de papel e um lápis. Ele estava determinado a encontrar o culpado!
- Eu quero que cada um de vocês escrevam exatamente o que vocês vêem no chão.

Eu não era uma criança estúpida e quando chegou a minha vez, eu escrevi deliberadamente com letras diferentes. Assim quando meu papai comparou a letra, ele ainda não podia saber qual de nós tinha feito aquilo.
Frustrado, ele estava em pé, um passo à nossa frente, olhando para suas três pequenas crianças.
- Eu vou lhes dar mais uma chance para confessar.
Ele continuou esperando por alguns instantes, mas para mim parecia uma eternidade. Não surpreendentemente, nem meu irmão e nem minha irmã falaram. Por que deveriam? Fui eu que fiz.
Eu deveria falar? Já seria muito tarde? Ele está furioso! Então, novamente, eu segurei a língua.
- Bem, se alguém tivesse falado quando perguntei, não haveria nenhum castigo.

Oh, não! Eu perdi minha chance! Mas agora também é tarde. Estúpido, estúpido, estúpido! Eu deveria ter confessado!
- Considerando que nenhum de vocês parece ter feito isto, então todos vocês ganham uma surra.
O que?! Eu fiquei parado lá e não disse nada. A última coisa que eu queria era uma surra!
- Eu fiz isto! Alguém disse e eu estava bem seguro de que não era eu.

Eu dei uma olhada para ver minha irmã avançar. Huh? Ela fez isto? Não, ela não fez porque eu fiz. Por que ela estava levando a culpa por algo que eu tinha feito? Me sentindo culpado, contudo ainda assustado, eu continuei parado, sabendo que minha irmã ia ser surrada por algo que eu fiz. E eu deixei isto acontecer. Eu não falei nada.
Nós não falamos mais sobre aquele dia. Não até que nós estivéssemos mais velhos e eu saber que estava seguro para finalmente falar para meu pai que realmente fui eu o autor da arte.
Por aquele tempo, eu entendi porque minha irmã apanhou no meu lugar. Ela tinha se tornado minha protetora, minha guardiã, minha melhor amiga. E preferiu sentir bastante dor do que me ver sofrer.
Hoje, brincamos sobre isto - todos nós, incluindo minha irmã. E como eu sempre me senti culpado, aquela foi a última vez que eu deixei qualquer um levar a culpa por mim.

Quando eu me lembro daquele dia, eu sei que aprendi o valor de família, de uma irmã que faria qualquer coisa por mim. E eu sei agora que faria o mesmo por ela.

AUTOR DESCONHECIDO

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