quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A MAIS BELA FlOR


O estacionamento estava vazio quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um carvalho. Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar. E se não fosse razão suficiente pra arruinar o dia, um garoto ofegante se chegou, cansado de brincar ele parou na minha frente, cabeça pendente e disse cheio de alegria: veja o que encontrei na sua mão uma flor, e que visão lamentável, pétalas caídas, pouca água ou luz. Querendo me ver livre do garoto com sua flor finge pálido sorriso e me virei. Mas invés de recuar ele se sentou ao meu lado levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa: O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a paguei; ei-lá é sua. A flor a minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo, ou vermelho, mas eu sabia que eu tinha que pega-la ou ele jamais sairia de lá. Então me estendi para pega-la e respondi: O que eu precisava... Mas ao invés de colocá-la na minha mão ele a segurou no ar sem qualquer razão. Nesta hora notei, pela primeira vez que o garoto era cego que não podia ver o que tinha nas mãos. Ouvi minha voz sumir, lagrima despontaram ao sol enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim, “de nada” ele sorriu. Então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve em meu dia. Sentei-me e pus-me a pensar como ele conseguiu enxergar um homem auto piedoso sobre um velho carvalho.
Como ele sabia do meu sofrimento auto-indulgente? Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão, atravéz dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim eu.
E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu e então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa, e sorri enquanto via aquele garoto, com outra flor em suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.

Autor que eu desconheço

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